18/11/2017


Stan Lee quando abandonou o cargo de editor-chefe da Marvel para levar os personagens da Marvel para Hollywood, talvez nunca imaginou o quanto isso mudaria a Meca do Cinema de entretenimento. 

Agora, vemos o desespero dos produtores da  Warner correndo atrás do tempo perdido frente aos filmes de super heróis da Marvel/Disney. Então, decidiram também criar um universo compartilhado próprio com os seus heróis da editora DC. Porém, jamais imaginavam o quão seria doloroso este processo, tanto para eles como para os fãs.

Começaram com um irregular O Homem de Aço, Warner prosseguiu com o seu projeto mais ambicioso, do qual reuniu os seus principais medalhões em Batman vs Superman. Porém, a crítica foi severa, acusando a produção de ser sombria e longa demais, sobrando até mesmo para Zack Snyder que viu sua visão autoral se tornando o principal veneno ao Universo DC nos cinemas. Correndo contra o relógio, os produtores então meteram o dedo em Esquadrão Suicida, mas tornando a produção péssima e, durante a pós-produção do tão esperado Liga da Justiça, Zack Snyder teve que ser afastado por problemas pessoais e abrindo o caminho para os produtores chamarem ninguém menos que Joss Whedon (Vingadores), para refazer algumas cenas e acrescentando um tom mais leve para o  filme. A interação dois funciona bem, lembrando Chris Claremont e Jonh Byrne em X-Men. Onde Whedon dá valor para os diálogos e as interligações entre os personagens e Zack Snyder evita o filme cair nas pieguices costumeiras de Whedon com boas cenas de ação.

O filme começa pouco depois dos eventos fatídicos de Batman vs Superman, onde o mundo ainda se encontra de luto após a morte do homem de aço. Temendo um grande mau que se aproxima, Batman (Ben Affleck) decide se reencontrar com Diana (Gal Gadot), para que assim ambos possam reunir pessoas com dons especiais e juntos consigam combater o perigo iminente. Surge então Barry Allen, codinome Flash (Ezra Miller de Precisamos falar sobre Kevin), Arthur Curry, codinome Aquaman (Jason Momoa, da 1ª temporada de Game of Thrones) e Victor Stone, codinome Cyborg (o estreante Ray Fisher).

O primeiro ato tem seus bons momentos, ao vermos apresentação de cada um dos personagens principais e conhecendo então as suas motivações, com exceção do incômodo bigode do Superman. As aparições iniciais de Batman e Mulher Maravilha estão mais do que bem apresentadas do que nos filmes anteriores, coube então os roteiristas terem a missão ingrata de apresentar mais três novos personagens, mas que não soasse de modo apressado e tão pouco artificial. Se o filme deixa um pouco em aberto sobre as origens de Aquaman e Flash (possivelmente serão explorados em seus futuros filmes solos), Cyborg por sua vez é o elo mais fraco de todos os personagens, não é sentido o peso do seu trágico acidente (que foi apresentado em um curto vídeo em BvS) e a caracterização dada ao ator é muito caricata.

O grande acerto do filme é sobre a interação de personagens tão distintos, mas que se veem forçados a se reunirem por um bem maior. Se Ben Affleck e Gal Gadot estão mais do que a vontade em seus respectivos papeis, cuja química de ambos em cena flui muito bem aliás, por outro lado, é uma verdadeira surpresa vermos Jason Momoa como Aquaman e se tornar um dos principais chamarizes do filme. Já Ezra Miller torna o seu Flash uma espécie de Wally West bem no início de carreira, não lembrando em nada Barry Allen, mas se você não se incomodar com isso, o filme transcorre bem com suas piadas.

Aliás, o humor é o grande diferencial desse filme se comparado aos outros. Conhecida por filmes com teor mais sério, Warner/DC decidiu dar então uma suavizada no filme, para que assim pudesse agradar aqueles críticos que detestaram o lado sombrio de Batman vs Superman. O resultado nos faz lembrar os bons tempos do desenho animado Liga da Justiça: Sem limites, mas que, em alguns momentos, lembrará também os filmes da Marvel e nascendo então as inevitáveis comparações e que com certeza gerará debates acalorados entre os fãs.

Tecnicamente, o filme possui os seus altos e baixos e do qual fazem o resultado final se tornar um tanto desequilibrado. Um dos pontos negativo é o uso excessivo de CGI nas cenas de ação, que lembra muito que aconteceu no terceiro ato de Mulher Maravilha, tornam as imagens de fundo das cenas de ação muito falsas. Se por um lado, por exemplo, a cena de ação que ocorre em Themyscira, cuja luta e o sacrifício das amazonas tornam um dos momentos mais empolgantes do filme, por outro, o ato final onde ocorre a luta típica do bem contra o mau se torna meio que sem graça devido o lado artificial e do uso demais de efeitos visuais.

Como se isso não bastasse, o grande vilão da trama, que se alto intitula Lobo das Estepes acaba se tornando a maior decepção do filme. Criado com um CGI pouco convincente (e com voz de Ciarán Hinds), o personagem existe na trama somente como mera desculpa para os heróis se unirem e para irem combatê-lo, sendo que suas motivações são bidimensionais e tendo o desejo megalomaníaco somente de obter as três caixas maternas para dominar o planeta. Deu até saudades do vilão da Mulher Maravilha.

Mas as interações entre os heróis que salvam o filme do marasmo, principalmente quando ressurge Superman. Sim, ele retorna dos mortos e que, a solução é aquela já larteada pelos fãs. Aliás, pode se dizer que a presença do personagem é uma das melhores coisas do filme, principalmente pelo fato de que Henry Cavill finalmente nos convence que é o Superman dos velhos tempos e fazendo nos ter esperança de assistirmos a um verdadeiro filme do Superman em breve.

Falando em velhos tempos, é triste ver que Danny Elfman não se arrisca em momento nenhum, ele puxa alguns samples durante o longa, mas sem aproveitar na íntegra o potencial nostálgico das trilhas clássicas do Batman e do Superman.

Entre os erros e acertos, Liga da Justiça é uma aventura divertida que vai sastifazer o grande público, mas deixou de lado o grande potencial dos personagens e suas histórias nos quadrinhos. Não dá para saber quais serão os rumos agora, o filme fez um estrondoso sucesso de estreia no Brasil e China. Mas crítica americana continua sua luta de chutar com tudo os filmes que tenham o envolvimento de Zack Snyder. O jeito é torcer que a Warner/DC dê prosseguimento ao projeto mesmo que não tão interligado como antes.

*Há duas cenas pós-créditos: uma grande homenagem e a outra uma possível trama para Liga da Justiça 2.  

NOTA: 8/10


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