03/12/2016



No final da projeção do filme Star Wars – O Despertar da Força, permanece a sensação de que o poder de Força está de volta com tudo. Claramente, este episódio (o VII) é superior à trilogia anterior e será mesmo um dos mais marcantes filmes de toda a saga. Um bom início depois da Lucasfilm ter sido adquirida pela Disney há três anos (2012). Portanto, sem a mão de George Lucas, que teria mesmo desenvolvido algumas ideias para os episódios VII, VIII e XIX. Seja como for, após a venda da companhia, Lucas acabou por perder todo o controle da propriedade, mas não podemos esquecer que continua como o quinto maior acionista da Disney. 

Felizmente, este trabalho de J.J. Abrams, devidamente apoiado pelo roteiro de Lawrence Kasdan, permite aliar uma união dos fãs veteranos que se lembram ainda de ver no cinema os primeiros filmes, como toda uma nova geração, que vive com esse fenômeno cultural. Pode parecer até que se trata de um clone dos originais, afinal do toda estrutura do filme se assemelha a "Nova Esperança", com vontade de apelar a todos os fãs da saga, aos jovens - um vilão que quer se provar ao preferir a escuridão e lado mais emocional da vida. E, os antigos fãs ao verem seus personagens clássicos tentarem trazer a "luz da razão" para melhor convivência de todos. 

"Chewie, estamos em casa", refere Han Solo para Chewbacca quando entra na nave Millenium Falcon. E é bem verdade, pois percebe-se que Solo não se sente só, neste sincero regresso ao início da saga que fez furor desde o final dos anos 70 e durante a década seguinte. Temos então um filme que acaba por ser uma viaja por cenários que nos recordam os originais de Uma Nova Esperança, O Império Contra-Ataca ou O Retorno de Jedi, com um misto de respeito, veneração e nostalgia. Mas em momento nenhum sentimos que o lado grandioso dos efeitos visuais retira esta sensação. Mesmo quando visto em 3D, sim o 3D não atrapalha, mas não é importante para ser visto nessa versão. 

É importante perceber o cuidado colocado em fazer uma rima visual com os filmes clássicos, em vários aparatos tecnológico existem a percepção de um respeito pelo que foi feito, dando uma certa sensação de retrô em diversas cenas. Seja com a volta das inconfundíveis naves X-Wing e TIE fighter, com os seus sons familiares, só que agora em um visual todo modernizado, bem como da veterana Millenium Falcon, a nave com que Han Solo levantou voo na saga inicial e que agora nos leva para uma nova viagem em sequências de paisagens florestais, desérticas e gélidas, alternando com batalhas espaciais; os personagens que nos levam a bares duvidosos, povoados por criaturas estranhíssimas e decadentes, com bandas que tocam independentemente da ação que decorre na sala; temos ainda os fatos retrô bem anos 80, que permeia todo filme. Quase como se O Despertar da Força fosse uma energia que estivesse estado a dormir durante vários anos e despertasse agora com energia redobrada mas ainda preso aos elementos daquela outrora época dourada. 

Sim, este filme é Star Wars em toda a sua essência. Embora com sangue novo, como a revelação do filme chamada Daisy Ridley, no papel de Rey, uma intrépida sucateira elevada a uma verdadeira guerreira. Oscar Isaac, como piloto Poe Dameron, sofreu um pouco na sua atuação por causa da edição do filme. John Boyega, como stormtrooper arrependido, mostra uma boa atuação e, ao mesmo tempo, é o alívio cômico do filme. Domhnall Gleeson, o general Huex, alterna momentos sombrios com uma atuação mais explosiva. Adam Driver, num papel essencial para o filme, é o verdadeiro 8 ou 80 do filme,  gostar ou não dele vai depender muito de como você interpreta as inseguranças dele para escolher um lado do conflito entre a Luz e a Escuridão (algo até mostrado visualmente no filme numa cena inesquecível para toda franquia). Apesar de natural a tentativa de comparação entre Kylo Ren e Darth Vader, vale a pena dizer que Kylo revela-se um personagem em conflito mas de uma maneira inversa ao Darth Vader, algo interessante para essa nova trilogia.

Quando o filme começa, apenas sabemos que Luke está desaparecido, mas a sua fama está bem presente num mundo de novo dominado pelo 'Lado Sombrio da Força', agora sob liderança da Primeira Ordem e exaltada pelo General Hux (Domhnall Gleeson); já do lado dos resistentes, a General Leia (Carrie Fisher) mantém o papel de líder em apoio a uma nova República.  A Lupita Nyong’o está praticamente irreconhecível como a criatura Maz Kanatam, assim como Andy Serkis como o Líder Supremo. São personagens pouco explorados neste filme, mas abre todo um novo leque de perguntas para serem respondidas nos próximos filmes.  

Por fim, vale dizer que J.J. Abrams e Kasdan recuperam um estilo próximo dos filmes originais, podemos afirmar que Rey e Finn, como os "novos heróis improváveis", vão levar avante a saga a novas galáxias, bem como um novo robot, BB-8, que rouba todas as cenas em que aparece, tal como fazia R2D2. Mas é o LUKE SKYWALKER?  E o HAN SOLO? Nada destes personagens pode ser falado, afinal eles são as partes mais emocionais do filme.

Bom, e agora? Bom, ficamos à espera de ver Rian Johnson na condução do Episódio VIII, previsto para 2017, enquanto que Colin Trevorrow (Jurassic World) cuidar do Episódio IX. Até lá, may the force be with you! 

VEREDITO 

A Força está em alta! Numa volta ao passado que recupera o fascínio original com que George Lucas nos brindou. Aqui numa admirável combinação entre a geração de outrora e de amanhã, em que a ação retrô promete satisfazer ambos os públicos na plenitude. Como se fosse a continuação de O Retorno de Jedi, sem o hiato de 32 anos.

Nota: 8/10

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