22/10/2016


"Batman: A Piada Mortal" é um dos quadrinhos da DC mais aclamados e queridos pelos leitores e críticos. Escrito por Alan Moore e desenhado pelo Brian Bolland, "A Piada Mortal" nos leva de forma macabra e sangrenta às raízes da origem do Coringa, inimigo mítico do Cavaleiro das Trevas. Ele faz isso através de uma série de flashbacks intercalados no meio de uma história sombria e cheia de simbolismos em que o Coringa tenta provar que a única coisa que o separa do resto do mundo não é nada mais do que um dia ruim. 
Por algum tempo, muitos fãs desta HQ pediam uma adaptação animada, até que finalmente o ano passado foi confirmado que o filme seria feito com uma classificação R, dirigido por Sam Liu, supervisionado por Bruce Timm (criador da famosa série "Batman: The Animated series") e estrelado por vozes eternas de Batman e Coringa: Kevin Conroy e Mark Hamill .
O filme, surpreendentemente, começa com um prefácio inesperado estrelado pela Barbara Gordon no papel de Batgirl que se estende mais do que o necessário e percebe-se que foi uma tentativa em oferecer uma nova visão do papel desta personagem na história e seu relacionamento com seu mentor, Batman. Ao longo destas cenas, vemos Barbara adquirir um perfil que é difícil de se simpatizar e sendo reduzida a um mero objeto, uma vez que após o prólogo e a cena controversa dela com o Batman, não tem mais relevância no filme até chegar ao ponto onde temos sua participação original na HQ do Alan Moore.


Como se isso não bastasse, esta meia hora parece um filme completamente independente de tudo que se segue depois, que é a adaptação da obra original em si. Não existe conexão alguma e a transição entre ambas as partes acontece com um corte seco e sem sentido que deixa confuso o espectador.
Depois de tudo isso a história em quadrinhos "A Piada Mortal" definitivamente começa, e digo "quadrinhos" e não "adaptação", porque, literalmente, é um "copia e cola" de todo a obra. Isto não seria um problema, se não houvesse uma diferença do modo de narrar os quadrinhos de uma animação. Só que são mídias completamente diferentes e a narrativa de uma não funciona na outra. Os responsáveis ​​por trazer à tela esta graphic novel não foram capazes de realizar as adaptações necessárias para fazer essa transposição. Os flashbacks sobre a vida passada do Coringa são introduzidos muito sem jeito e a passagem entre as cenas tem um resultado completamente inorgânico e nada fluido.
A tudo isso não ajuda em nada o estilo de animação utilizada, de uma qualidade muito questionável e muito pobre, ainda mais se comparar com os resultados maravilhosos de muitos outros filmes de animação da DC.
Para finalizar, uma das coisas que torna mais do que especial "A Piada Mortal" é seu final ambíguo e chocante, que no filme é recriado de modo que a dúvida se perde e deixa um gosto muito amargo.



Em suma, "Batman: A Piada Mortal" é um produto que falhou miseravelmente, que poderia ter ido muito bem e que nem as magníficas performances de Conroy e Hamill são capazes de salvar qualquer momento da animação. Ademais, é uma prova de que a classificação R nem sempre é explorada como devido, pois pode acabar muitas vezes sendo usada para adicionar elementos completamente dispensáveis.

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