18/02/2017


Fala galera. Hoje vamos falar de uma história não muito cultuada e não muito antiga.
Em meados dos anos 2000 o mito John Byrne produziu uma minissérie que seria chamada de “Gerações”, esta HQ teria como protagonistas os dois pilares da DC; Superman e Batman.

Este projeto tinha a seguinte proposta: mostrar em tempo real, toda a evolução dos dois (e também do UDC) desde 1938, além disso cada história/capítulo seria desenhado e ambientado como cada época específica, (seja nos diálogos, nas cores ou até mesmo nas atitudes dos personagens)


A primeira mini tinham saltos de 10 em 10 anos. Cada capítulo funcionava sozinho. E esta mini teve uma segunda leva que mostrava mais destes mesmos anos (inclusive o encontro de Batman e Capitão América produzido por John Byrne se encaixa nessa cronologia desta mini.)

Seria um projeto ao mesmo tempo inovador e nostálgico, com toda liberdade criativa.
Foram duas minis de 4 capítulos cada (lançadas no Brasil pela Opera Graphica)
E como dizem, toda boa história é contada em trilogias, e em 2003 teve um terceiro capítulo, uma maxi-série de 12 capítulos. (no Brasil lançado pela Mythos em dois compilados com seis edições cada um. E o lançamento foi digamos assim “tímido”.)

Este que vos escreve perdeu o lançamento em bancas, e custou pra encontrar em preços aceitáveis pela net.
E no mundo das Scans, este material foi iniciado (foram traduzidas três edições) e o projeto ficou parado por muito tempo (a HQ é de 2003).

Mas como muitos de vocês sabem, eu também leio scans feitos por nossos amigos espanhóis e consegui ler essa obra completa.
Muitos de nós ás vezes pegamos pesados com artistas das antigas que dão uma decaída ou na arte ou em seus roteiros.

Eu mesmo li essa mini porque queria ler o capítulo final (tenho as duas minis anteriores físicas e já as li várias vezes.)
E vou dizer; o “capítulo final” dá um baile, mesmo não sendo o “Byrne de antigamente” mas a história dá aquela sensação de uma boa leitura, uma verdadeira viagem mesmo.

No prefácio o mestre Byrne diz que neste terceiro capítulo ele não contaria capítulos fechados ou se apegaria em décadas específicas, ele iria além e além, mas pra onde iria? Pro Futuro? Pro espaço? Ainda mais ao passado?

O que ainda poderia ser contado?

Esta última mini brinca com (não é spoiler) viagens no tempo, um estratagema grandioso elaborado por um grande vilão da DC e que levaria mil anos pra ser concluído.
Esta história mesmo sendo “pesadamente” Sci-Fi ainda entrega aquela qualidade técnica de roteiro mostrada anos antes em Quarteto Fantástico e Hulk por exemplo (mesmo a estada no Hulk tendo sido curta.)

Têm-se os personagens de sempre mas também personagens novos, têm se batalhas incríveis, dilemas, amores , dramas e porque não dizer... mortes.
Byrne se apropria da cronologia que todos de certa forma sabemos (explosão de Kyrpton, pais de Clark, Alfred... etc)

E tira a “poeira de cima”, a história mesmo parecendo o “pré-crise que continuou pra sempre” funciona sem soar piegas, conta uma boa história sem apelar, você analisa as capas mas continua na mesma do tipo “que será que acontece nessa edição?” similar a alguns quadrinhos de antigamente que entregavam surpresas em suas páginas e não em suas capas.


Você que lê a história simplesmente por ser fã do Byrne ou dos personagens depois que vê que a história “engrenou” percebe que não é um caça níquel.
Que é uma história que é tão crível e também complexa que coloca no bolso histórias mais marketeadas vendidas como  “megassagas que irão mudar tudo o que você conhece!”
(Crise Final, Zero Hora, Armageddon 2001, Original Sin, Era de Ultron, Convergence...)

Estes dias num grupo, alguns amigos postaram as maiores histórias da Liga da Justiça. Me lembrei de Alan Davis que sozinho produziu uma mini de apenas três capítulos que dá um banho em muita saga por aí. (e claro teve uma ótima sequência também digna de nota e louvor.)

Como o nosso amigo do Dois Quadrinhos disse certa vez num vídeo dele, a cronologia a gente mesmo constrói, somos nós quem decidimos o que queremos sempre reler, mesmo que um personagem esteja morto pra sempre somos nós quem pode revivê-lo abrindo o plástico daquela coleção.


Muitas histórias boas necessariamente não fazem parte de um Top 10 do IGN ou do MDM.
Claro que estas listas visam leitores que NÃO conhecem certos materiais.
Mas eu me refiro a nós que conhecemos, respeitamos e procuramos bons quadrinhos, independente da época, do artista e da editora.

Fui gratamente surpreendido por uma história que faz o que os quadrinhos de antigamente faziam brincando.
Recomendo que leiam as três minis “Gerações” principalmente quem curte Batman e Superman.

E espero um dia ver algum material assim refletido em alguma animação.


Nota: 9

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