por Herald Henry
Olá
pessoal, tudo bem?
Falaremos
sobre o sétimo álbum da linha “Terra Um” (3 do Superman, 2 do Batman e um dos
Titãs).
Desde
que Grant Morrison (LJA, Homem Animal) havia sido anunciado como o escritor
desta nova leitura da personagem, a indústria ficou em polvorosa.
Ainda
mais porque o escritor disse que havia muitas facetas pouco exploradas de sua
origem que foram esquecidas e esmaecidas com o tempo. (principalmente algumas
questões sexuais.)
Grant
Morrison tentou reimaginar como seria crescer numa civilização avançadíssima de
mulheres, como festejariam? Como se portam? Como elas namoram?
Esta
HQ teve o acréscimo do fantástico desenhista Yanick Paquette (Batman Inc.) que
tem uma pegada meio “Adam Hughes” (mas mais solto. Não tão fotográfico).
Desde
a “Crise Final” (2008) que Grant Morrison se manifestava dizendo que o desenho
em uma HQ deveria interagir ainda mais com o leitor. Ser parte integrante maior
em uma história.
Graficamente
falando, em todo o álbum temos “bordas trabalhadas”, ou seja em vez de termos
os painéis comuns (retos) temos diagramações mais variadas possível. Seja em
formato de cordas (o laço da Mulher Maravilha “segurando a narrativa”) ou
quadros em forma do emblema de águia da MM ou até mesmo painéis com estrelas.
Apesar
de que em quadrinhos não termos elementos auditivos, estas “bordas” acabam
dando tom á algo que esteja ocorrendo ou prenunciando algo que ainda irá
acontecer na história.
Spoiler
leve: quando Medusa é introduzida na história toda a borda da página parecem
peles de serpente espalhadas. (quase como se sentíssemos o cheiro de podre ou
ouvíssemos o sibilo de suas serpentes de seu cabelo).
Sobre
elementos visuais (ainda) temos páginas fantásticas no melhor estilo Jack Kirby
(combinando beleza de paisagens e também tecnologias incríveis) e claro as
personagens estão lindamente desenhadas.
Eu
explico: anos atrás quando houve o livro de Frederic Wertham “Sedução do
Inocente” as hqs da Mulher Maravilha foram questionadas do porque as posições “eróticas”
ou de “submissão”.
Nesta
HQ como “volta ás origens” também temos posições e sugestões altamente eróticas
mas não como HQs dos anos 90. (mulheres dando voadoras sempre do mesmo jeito e
todas com hiperlordose), nesta HQ os desenhos são pensados pra que reflitamos;
elas são uma raça de guerreiras que não conhecem gordura, celulite, internet,
vícios... etc.
São
uma comunidade que nunca houve interferência externa.
São
derivadas dos costumes Greco-Romanos (se é que vocês me entendem.)
Eu
gostaria mesmo de ler uma resenha desta HQ do ponto de vista de uma leitora.
(quem quer que seja) apesar de ter muitos elementos retirados de ideias
feministas, nesta história é tudo muito orgânico, tudo funciona pra história.
O
modo como Diana contempla o “mundo do patriarcado” é uma crítica de certa forma
á muitos costumes.
O
feminismo nesta HQ não é mostrado como algo doutrinatório ou panfletário (como
feito na Mini da Viúva Negra de anos atrás desenhada por Bill Sienkiewicz).
Aqui
o feminismo (assim como as próprias mulheres e homens) são apenas mais “alguma
coisa” dentre tantas que existem no mundo.
A
história começa impactante: Hipólita tem uma confrontação com o arrogante
semideus Hércules e deste confronto as Amazonas juram nunca mais pisar em
nossas cidades e se isolam da Ilha Paraíso.
3.000
anos depois a princesa Diana, irrequieta com a beleza e paz de seu mundo acaba encontrando
o piloto de testes Steve Trevor o que desencadeia uma explosão/discussão na
Ilha: deve-se ir ao mundo dos homens? Deve-se fazer algo pra melhorar o mundo
todo?
Grant
Morrison não tem medo de ousar. Ele é o cara, num momento Diana entra numa ala
hospitalar de pessoas desenganadas (possivelmente fosse área de Câncer) e fica
triste por haver mulheres (pessoas) morrendo. Definhando e tristes,
independente de não serem do mesmo mundo ela se importa com seus “irmãos
distantes”.
Essa
HQ traz muita discussão rica sobre diversos elementos. A própria troca de etnia
de Steve Trevor nesta HQ tem uma função bem importante e satisfatória. Como eu
disse antes. Nada aqui é “alegoria pra chamar leitor e vender apenas” tudo tem
uma razão.
Eu
como homem, gostei do que li. Acredito que eles tenham acertado na releitura. Espero
ver discussões acerca desse material e espero que Morrison produza mais desse
material.
Uma
história pode ser bem escrita e te deixar intrigado sem ter ação. Apenas com
diálogos críveis. (mas a história tem ação sim amigos. Rsrs..)
Muitas
celebridades/personagens são homenageadas durante a HQ, (repare nos figurinos
das diversas amazonas da HQ, tem uniforme de Tróia, Moça Maravilha, Phillyphus,
Ártemis da fase de Mike Deodato...) Interessante que ás vezes Hipólita tem o
rosto de Cher, ou da atriz Lena Headey.
A
própria Mulher Maravilha ora tem o rosto desenhado como Emily Clarke (preste
atenção em sorrisos) e também como (é provocação dos autores, só pode) Sasha
Grey!!!!
Mulher
Maravilha teve seu legado respeitado, Greg Rucka, George Pérez, Brian
Azzarello, Jonh Byrne podem ficar tranquilos que Morrison honrou o que veio
antes e nos deixa ansiosos pra ver o que virá.
Nota:
9.